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segunda-feira, 4 de março de 2013

Biopodologia do Cavalo

Biopodologia – Por Paulo Guilhon


Há pelo menos dezesseis séculos temos utilizado o cravejamento para fixação de ferraduras em cavalos. A meu ver, nada acarreta maiores danos para a matéria componente dos cascos do que a ação das bactérias introduzidas pelos cravos. Cada orifício decorrente das perfurações transforma-se em foco de concentração de organismos anaeróbios, os quais provocam sérios prejuízos ao estojo córneo (casco).
Além do arrombamento das cânulas (estruturas em forma de fibras, constituintes da lâmina córnea), o visível apodrecimento das regiões afetadas destrói a muralha (lado externo do casco)e contribui para o comprometimento das funções de sustentação e locomoção.

Em pleno século XXI dispomos de tecnologias avançadas nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Causa estranheza ainda recorrermos a método tão arcaico e destrutivo para proteger o cavalo dos inevitáveis desgastes dos cascos, resultantes das atividades em parceria conosco.


Cavalos empregados em atividades esportivas e ou trabalhos regulares requerem utilização constante de artifícios para preservação dos cascos. A grande frequência dos ferrageamentos representa, quase invariavelmente, falência das condições desejáveis a serem apresentadas pelos cascos. O intervalo médio entre as trocas de ferraduras é de 45 dias, porém observa-se a prática comum de realizá-las a cada 30 dias. Quanto maior o número de ferrageamentos sucessivos, maiores os danos para os cascos. Para melhor resistir aos ferrageamentos, os cascos deveriam ser previamente trabalhados, ou seja, preparados por meio de intervenções criteriosas para que as estruturas apresentassem condições de suportar as inevitáveis consequências negativas.



Para cumprimento das funções relativas à sustentação do peso e locomoção, os cascos devem preencher requisitos. A anatomia estrutural recomendável precisa ser reconhecida pelos profissionais executores das atividades podológicas, para que seja possível estabelecê-las. Dicas:

·         Formato – Cônico, com perímetro da coroa sempre menor do que o da base do casco, para melhor sustentação do peso.
·         Altura da muralha – Suficiente para favorecer os movimentos de expansão/contração, responsáveis pelo bombeamento sanguíneo na rede vascular interna; amortecimento dos impactos durante a locomoção; e preservação dos bulbos com relação aos contatos com o solo.
·         Inclinação – Coincidente com a da escápula, nos cascos anteriores, e com a do íleo, nos posteriores. Observação: A inclinação do íleo não pode ser mensurada, mas é sempre inferior (2 a 4 graus) à da escápula em qualquer cavalo.
·         Talões – Com altura e largura convenientes para suporte da força peso advinda sobre o casco, e preservação dos bulbos. Observação: A altura dos talões (calcanhar) é a parede posterior da muralha córnea.
·         Taipa (largura da base da muralha) – O mais ampla possível, para permitir apoios, e a fixação adequada dos cravos. Observação: A taipa é a base de apoio dos cascos. A sola deve estar isenta dos contatos diretos com o solo.
·         Barras – Preservadas e verticalizadas.
·         Sola – Côncava e abaixo do plano da base da muralha.
·         Ranilha – Encorpada, com canais laterais e central permitindo arejamento da sola.




Biopodologia – Por Paulo Guilhon

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