Biopodologia – Por Paulo Guilhon
Há pelo menos dezesseis séculos temos utilizado o cravejamento para fixação de ferraduras em cavalos. A meu ver, nada acarreta maiores danos para a matéria componente dos cascos do que a ação das bactérias introduzidas pelos cravos. Cada orifício decorrente das perfurações transforma-se em foco de concentração de organismos anaeróbios, os quais provocam sérios prejuízos ao estojo córneo (casco).
Além do arrombamento das cânulas (estruturas em forma de fibras, constituintes da lâmina córnea), o visível apodrecimento das regiões afetadas destrói a muralha (lado externo do casco)e contribui para o comprometimento das funções de sustentação e locomoção.
Em pleno século XXI dispomos de tecnologias avançadas nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Causa estranheza ainda recorrermos a método tão arcaico e destrutivo para proteger o cavalo dos inevitáveis desgastes dos cascos, resultantes das atividades em parceria conosco.

Para cumprimento das funções relativas à sustentação do peso e locomoção, os cascos devem preencher requisitos. A anatomia estrutural recomendável precisa ser reconhecida pelos profissionais executores das atividades podológicas, para que seja possível estabelecê-las. Dicas:
· Formato – Cônico, com perímetro da coroa sempre menor do que o da base do casco, para melhor sustentação do peso.
· Altura da muralha – Suficiente para favorecer os movimentos de expansão/contração, responsáveis pelo bombeamento sanguíneo na rede vascular interna; amortecimento dos impactos durante a locomoção; e preservação dos bulbos com relação aos contatos com o solo.
· Inclinação – Coincidente com a da escápula, nos cascos anteriores, e com a do íleo, nos posteriores. Observação: A inclinação do íleo não pode ser mensurada, mas é sempre inferior (2 a 4 graus) à da escápula em qualquer cavalo.
· Talões – Com altura e largura convenientes para suporte da força peso advinda sobre o casco, e preservação dos bulbos. Observação: A altura dos talões (calcanhar) é a parede posterior da muralha córnea.
· Taipa (largura da base da muralha) – O mais ampla possível, para permitir apoios, e a fixação adequada dos cravos. Observação: A taipa é a base de apoio dos cascos. A sola deve estar isenta dos contatos diretos com o solo.
· Barras – Preservadas e verticalizadas.
· Sola – Côncava e abaixo do plano da base da muralha.
· Ranilha – Encorpada, com canais laterais e central permitindo arejamento da sola.
Biopodologia – Por Paulo Guilhon
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